FONTE: O GLOBO
Greve cancela voos entre Brasil e Argentina
Medida afeta pelo menos 23 decolagens programadas para ontem e hoje
JANAÍNA FIGUEIREDO Correspondente janaina. figueiredo@ oglobo.com. br
Colaboraram Alyne Bittencourt e Juliana Garçon
Pelo menos 23 voos entre Brasil e Argentina, marcados para ontem e hoje, foram cancelados por causa da greve geral no setor de transportes feita por sindicalistas argentinos. -BUENOS AIRES E RIO- A greve geral convocada para hoje na Argentina levou ao cancelamento de pelo menos 23 voos entre o Brasil e o país vizinho. Destes, 15 são da TAM A empresa informou que os passageiros podem remarcar os bilhetes para os próximos 15 dias sem taxas, ou mudar de destino — caso em que podem ter que arcar com a diferença do valor das passagens.
DIEGO LEVY/BLOOMBERG/28-8-2014À espera. Na greve geral do ano passado, passageiros da Gol buscavam informação no aeroporto de Buenos Aires
Outros dois são voos entre São Paulo e Buenos Aires operados pela Lan. A aérea oferece três opções para quem viajaria hoje: alteração da data até 15 de abril, mudança de destino sem multas, mas sujeita ao pagamento da diferença tarifária, ou o reembolso da passagem.
Já a Gol cancelou seis voos que partiriam ou chegariam ao Aeroparque, em Buenos Aires, informou a empresa. A Gol orientou os passageiros a ligarem para o SAC da empresa no Brasil (0800 704 0465) ou na Argentina (0810 2663 131). A companhia oferece a remarcação sem taxas.
A greve foi convocada pela ala da Central Geral de Trabalhadores (CGT) liderada pelo chefe do sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano, e outros 21 sindicatos do país. Paralelamente, movimentos de esquerda prometem bloquear os principais acessos à capital argentina, aproveitando a paralisação para exigir, principalmente, mudanças no sistema de pagamento do Imposto de Renda.
NOS HOSPITAIS, SÓ EMERGÊNCIA
Os sindicatos também protestarão pela inflação (que no ano passado chegou a quase 40%) e insegurança, duas das principais preocupações dos argentinos. Ontem, o ministro da Economia, Axel Kicillof, descartou a possibilidade de modificar o piso a partir do qual é cobrado o Imposto de Renda no país.
— Pedimos uma atitude responsável aos empresários, devem falar com os sindicatos — declarou Kicillof, em coletiva.
Essa é a quarta greve convocada contra o governo da presidente argentina Cristina Kirchner, desde que ela assumiu o poder, em dezembro de 2007. Moyano e seus aliados prometem convocar novas paralisações, caso o governo não atenda suas demandas.
— Se não nos derem uma resposta, a próxima greve durará 36 horas — ameaçou Pablo Micheli, da Central de Trabalhadores Argentinos (CTA).
A greve de hoje afetará os serviços de ônibus, metrô, trem e o transporte aéreo. Devem ser cancelados todos os voos previstos nos aeroportos Jorge Newbery (Aeroparque) e Ezeiza. Muitas escolas ficarão fechadas, e, em alguns hospitais, só casos de emergência serão atendidos.
DIREITOS DO PASSAGEIRO
Cristina deve participar de um ato na província de Buenos Aires. A expectativa é que a presidente envie um recado aos sindicatos opositores.
— Estão protestando por um imposto que afeta apenas 10% dos trabalhadores argentinos — afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Tomada.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em solo brasileiro, as empresa as devem seguir a legislação do país sobre cancelamento ou atraso de voos. As normas preveem acesso a comunicação após uma hora, alimentação depois de duas, e acomodação após três horas.
Como as linhas internacionais são regidas pela Convenção de Varsóvia, os brasileiros em outro país não têm direito à assistência material como a garantida na greve dos aeroviários de janeiro, explica Roberto Senise Lisboa, promotor de Defesa do Consumidor do Ministério Público de São Paulo e presidente da Comissão de Estudos do Consumidor do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).
— Não temos como responsabilizar as companhias por esses transtornos.
A exceção são passageiros em trânsito, afirmou o promotor. Esses consumidores devem procurar o escritório da aérea no aeroporto e, se não conseguirem fazer valer seus direitos, podem reclamar para a Anac pelo 0800 725 4445 ou no balcão da agência.